Finanças
Por Roberto Vilela*
Vivemos momentos ímpares em nossa existência. Nenhuma crise, guerra ou recessão da era moderna atingiu tanta gente ao mesmo tempo como a pandemia de coronavírus. Estamos no meio de um cenário de turbulência e escassez difícil de se imaginar.
A interrupção da cadeia produtiva e o isolamento abriram caminho para outras situações adversas que atingem milhões de pessoas: ansiedade, angústia, incertezas, medo e, para muitos, uma enorme sensação de abandono. Pessoas preocupadas com a manutenção de seus empregos e o futuro de suas famílias. Um claro sinal de alerta de que o ano será completamente desafiador para a sociedade e a economia.
Eu sigo observando ainda mais atentamente todo este movimento, buscando adaptar não só a minha rotina para o ambiente digital – que neste momento tem sido um caminho assertivo para os negócios – como entender oportunidades que outros mercados possam ter.
O que tenho percebido é que já nos primeiros dias em que a crise chegou ao Brasil, muitas empresas deram sinais de despreparo para enfrentar algo dessa proporção e podem ruir em pouco tempo.
Vejo com certa estranheza que, mesmo em um cenário em que a adaptação é palavra de ordem para a subsistência, algumas empresas que ainda resistem ao mundo da tecnologia e o ambiente digital.
São milhares de negócios, pequenos e médios, que estão mergulhados em um verdadeiro limbo digital, em que a perspectiva de concretizar vendas neste período foi reduzida a pó. Não há, nestas empresas, alternativa para que possam se conectar a seus clientes e a situação é caótica.
Por incrível que pareça, muitas dessas empresas fazem parte das que estão autorizadas a abrirem suas portas, pois são de primeira necessidade. São padarias, mercados, restaurantes e farmácias que jamais se atentaram para o uso de soluções digitais na criação do relacionamento com mercado. Sem nenhum dado em mãos sobre o próprio consumidor, ficam às moscas. Nem mesmo um cadastro simples, com nome, e-mail e telefone consta em seus registros.
Sem presença em redes sociais e inoperantes na comunicação digital, estes negócios enfrentam uma dificuldade ainda maior durante a crise. Acompanha também neste momento, além da inexistência digital, a falta de estratégias de logística para entregas: não há iniciativa para a parceria com opções de entrega, sejam elas por moto, bicicleta, patinete ou tradicional carro.
Infelizmente, alguns negócios que poderiam sair com o mínimo de “arranhões” após esta batalha, cambalearão moribundos pela falta de atenção para as evoluções e mudanças que os novos hábitos de consumo já estavam exigindo e agora, necessitam.
Fica evidente neste momento a importância da adaptação em tempos de bonança e a fundamental análise da transformação digital junto ao comportamento do consumidor. Darwin já dizia que a chave para a sobrevivência é a adaptação. Agora não nos resta dúvidas a respeito.
*Roberto Vilela é especialista nas áreas de gestão e estratégias comerciais. Atua em todo o Brasil com clientes de médio e grande porte realizando palestras, consultoria comercial e treinamentos vivenciais. É autor dos livros Em Busca do Ritmo Perfeito, em que traça um paralelo entre as lições do universo das corridas para a rotina de trabalho, e Caçador de Negócios, com dicas para performances de excelência profissional. Produz ainda séries de podcasts sobre estes assuntos, disponíveis nas plataformas Spotify e Itunes. E-books, artigos, áudios e vídeos disponíveis em www.orobertovilela.com.br.