As ferramentas de planejamento das empresas que mais crescem no Brasil


As ferramentas de planejamento das empresas que mais crescem no Brasil

Planejamento

A velocidade é alta. Tem que ser. Em empresas que querem crescer, cada dia conta. Com um ritmo assim tão acelerado, planejar os próximos cinco anos de um negócio é um grande desafio — se o cenário muda a cada mês, como ter uma visão tão de longo prazo?

Neste artigo, um empreendedor e mentores Endeavor contam como conduzem o processo de planejamento estratégico e que ferramentas utilizam. São planilhas, templates e frameworks exclusivos usados para analisar o mercado, conduzir as reuniões semanais e até desenhar as metas.

Aproveite a história para fazer a seguinte reflexão: como essas ferramentas poderiam ser usadas na sua empresa? Use livremente o material, faça combinações e crie uma versão só sua de planejamento estratégico, lembrando sempre que foco e consistência são mais importantes que o método.

Bruno Balbinot da AMBAR conta como simplificou seu planejamento para tudo caber em três folhas de papel.

Três folhas de papel, e só.

“Já fiz muita análise SWOT na minha vida. Quando eu trabalhava no setor automotivo, nosso planejamento era nos moldes tradicionais: consultoria contratada, SWOT cruzada e três meses de duração. Mas a velocidade do mundo hoje é tão alta que, se tentássemos seguir esse processo aqui na AMBAR o plano já teria expirado antes mesmo de sair do papel.

Na minha visão, o planejamento não precisa ser burocrático. Porque quanto mais complexo o processo, mais difícil será para o empreendedor comunicar essa estratégia ao time.

As ferramentas o ajudam a criar uma estratégia, sem dúvidas. Mas isso é apenas 10% do que você precisa fazer.

No fundo, a beleza da estratégia está na execução. É desenhar um plano — e entregar esse plano.

O que nós fazemos na AMBAR para dar ritmo à estratégia é, literalmente, nunca deixar o plano descansar na gaveta.

Tem que caber em uma folha de papel

Carrego comigo todos os dias três folhas de papel, em uma pastinha, que resumem tudo o que queremos para a semana, o semestre e o futuro.

São elas:

1) Visão de longo prazo

O que queremos realizar nos próximos anos; conquistas e marcos importantes. Nunca defini o horizonte de tempo dessas mudanças porque, na nossa perspectiva, quanto antes realizarmos tudo, melhor. Algumas iniciativas já estão acontecendo, outras estão previstas para o próximo ano. E assim vamos mudando de patamar, sabendo aonde queremos chegar.

2) Objetivos estratégicos do semestre

A cada seis meses, propomos KPIs e entregas importantes para cada um dos quatro pilares:

  • Finanças
  • Mercado
  • Tecnologia e Operações
  • Corporativo

Esta é a folha de papel que mais visitamos. A metodologia é inspirada no Balanced Scorecard (BSC), e foi adaptada para mantermos claras quais são as nossas prioridades.

3) Orçamento

Em uma planilha de DRE, definimos todos os ganhos e custos previstos para o ano. Para nós, o orçamento está escrito em pedra. Definiu uma vez, não mexe mais. O que nós fazemos, então, é medir o desvio do planejado para o realizado. O orçamento serve como uma orientação, mas sabemos que não é nele que vamos resolver o problema. É na meta de vendas, que impacta a receita, por exemplo. Ou na produtividade das fábricas, que mexe na linha de custos.

O mais importante é que tudo o que conversamos e fazemos volta sempre para o plano. Chega ao ponto de ele virar discussão do WhatsApp no grupo de lideranças da AMBAR. Na última segunda, mandei a foto dos objetivos estratégicos questionando um dos itens que estava atrasado e provocando o time a pensar o que seria feito nesta semana para responder a esse objetivo.

O plano é vivo, para ser consultado, revisto e lembrar todos os dias qual é o nosso foco.

Se você está começando agora a fazer seu planejamento estratégico ou quer buscar um formato mais simples, tenha em mente apenas uma coisa: o plano precisa caber em uma página.

A partir daí, é papel do empreendedor relembrar todos os dias qual é o plano.

Quem se envolve na estratégia?

Já tentamos envolver mais pessoas no início, trazendo para a conversa quem não era da Estratégia. Mas, na prática, as reuniões não rendiam. Como empreendedor, você tem que conversar com o Conselho, com os clientes e com os funcionários, ter certeza de que ouviu a opinião de todos que estão envolvidos diretamente com seu negócio. Mas quem toma a decisão é você, ao lado do seu time de Estratégia.

Não é porque queremos fazer as coisas em segredo e esconder o que está sendo discutido pelas lideranças, mas, principalmente, porque não podemos tirar o foco do time da entrega e da execução.

Já a rotina da liderança é falar de estratégia o tempo todo. Não dá nem tempo de fofocar. Não fazemos uma reunião semanal fixa, mas gastamos 90% do nosso tempo só falando disso. Não tem como errar. Enquanto o time está preocupado com a entrega do ano e as metas de dezembro, nós estamos conversando sobre o próximo passo da empresa e o que queremos para 2018.

Como comunicar e engajar o time na estratégia?

Cada bloco da ferramenta Objetivos Estratégicos envolve uma área da operação. Na prática, nós traduzimos para o time o que esperamos para o semestre, sem trazer complexidade. A estratégia de vendas, por exemplo, é resumida pelo resultado esperado em receita. E o time todo só pensa nesse número.

Mesmo sem entrar nos detalhes da estratégia, os objetivos estratégicos são muito acolhidos pelo time. Isso porque todo mundo está muito conectado com o nosso propósito. Hoje, você pode visitar qualquer canteiro de obras da AMBAR e perguntar a cada um dos funcionários o motivo de ele estar trabalhando ali. A resposta será sempre a mesma: “Estou transformando a construção civil no Brasil e no mundo”.

Se você comunicar bem o seu propósito e a visão de futuro para o time, não precisa de mais nada.

Mas e quando uma ideia não corresponde ao plano?

Depois de definidos os objetivos estratégicos do semestre, nós não mudamos mais. Porém, como empreendedor, você precisa ter um espaço na agenda para experimentar coisas fora da estratégia. Viajar para conhecer outros modelos de negócio do seu setor, visitar feiras, conversar com mentores ou até fazer novos benchmarks.

Eu combinei com o Conselho da AMBAR, por exemplo, que vou dedicar de 20% a 30% do meu tempo só para essas atividades mais experimentais. Pois tenho certeza que elas são as fontes para os próximos insights que vão desenhar o futuro da AMBAR. E isso não pode ficar para depois.

O que pensam os mentores?
Por Antonio Napole, da consultoria Kaiser Associates

O crescimento dói e pode destruir. Quando a empresa cresce, os problemas crescem em escala. É muito comum que uma empresa recém-adquirida ou que começa a crescer sinta, depois de poucos anos, que o crescimento se esgotou. Ou, se o crescimento acontece de forma desenfreada, o preço vem logo em seguida: a empresa se desestrutura e perde o controle.

O importante é fazer pequenas paradas, mesmo que não tão profundas, para rever seu planejamento de tempos em tempos. Andando em alta velocidade na estrada, o empreendedor deve corrigir o rumo mais rapidamente. Isso significa que, se você faz seu planejamento anual, é bom a cada 4 meses dar uma pequena parada para ver se está no caminho certo.

Conteúdo feito em parceria com a Endeavor Brasil.


Esse post foi publicado originalmente pelo site Sebrae.

Associe-se

Veja também


« Voltar

ACIG - Associação Empresarial de Gaspar